27.2.05
Peter Benenson (1921 - 2005)
(versão 1359a - série "porque morremos, senhor?")
O fundador da organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional, Peter Benenson, morreu aos 83 anos.Este advogado britânico fundou a organização em 1961 depois de ter lido um artigo sobre a detenção de dois estudantes portugueses que brindavam à liberdade num café lisboeta. Vivia-se a ditadura salazarista e os jovens foram condenados a sete anos de prisão. A sentença chocou o fundador da Amnistia, que teve a ideia de bombardear as autoridades nacionais com cartas a pedir a libertação dos estudantes.
"Ele trouxe luz à escuridão das prisões, ao horror das câmaras de tortura e à tragédia dos campos de morte por todo o mundo", sublinhou a secretária-geral da organização, Irene Khan. "Em 1961, a sua visão fez nascer o activismo pelos direitos humanos. Em 2005, o seu legado tornou-se num movimento mundial pela defesa dos direitos humanos que nunca mais morrerá", acrescentou.
Para a directora da secção portuguesa da Amnistia Internacional, a morte de Benenson significa o desaparecimento de um símbolo. "Temos de ver os direitos humanos como um todo, mas temos também de nos preocupar com os indivíduos. Esta foi a marca que Peter Benenson legou à posteridade", declarou à agência Lusa Cláudia Pedra.
Nascido a 31 de Julho de 1921, Benenson era filho de um banqueiro judeu de origem russa, que morreu jovem, tendo sido criado pela mãe. Estudou Direito na Universidade de Oxford. Durante os primeiros anos de vida da organização, dedicou-se a tempo inteiro a esta causa, financiando-a e procurando nos diferentes países informações sobre "os prisioneiros de consciência".
"Este é um homem cuja consciência brilhou num mundo cruel e assustador, que acreditava no poder das pessoas normais fazerem mudanças extraordinárias e que, criando a Amnistia Internacional, deu a cada um de nós a oportunidade de marcar a diferença", realça Khan. A Amnistia conta hoje com 1,8 milhões de membros.
(notícia do jornal Público)
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